segunda-feira, 14 de março de 2016

• QUESTÕES (COM GABARITO) • Saúde Mental (foco em dependência química).


1. As mudanças tecnológicas e sociais no ambiente de trabalho suscitaram novas formas de doenças profissionais, incluindo aumento de estresse e uso de álcool. Incluem-se, dentre as manifestações clínicas características da síndrome de abstinência alcoólica no trabalhador:

a) agitação, alucinações visuais, náuseas e anisocoria.
b) irritabilidade, sudorese, angioedema e convulsões.
c) ansiedade, tremores, convulsões e xeroftalmia.
d) delírios, febre, irritabilidade e taquicardia.
e) insônia, acrocianose, náuseas e sudorese.

2. Considerando os diversos fatores associados ao abuso de drogas na adolescência, assinale a opção correta.

a) A solução para os conflitos que envolvam o abuso de drogas muitas vezes decorre da reorganização das próprias relações familiares.
b) Esquecimento recorrente, alterações de humor, introversão e pouco envolvimento nos programas familiares são fatores que comprovam o abuso de drogas pelo adolescente.
c) Em razão de sua responsabilidade pela família ou pela resolução dos conflitos, cabe à mãe tomar a iniciativa de procurar tratamento para o jovem que abusa de drogas e para toda a família..
d) Em situações de abuso de drogas por adolescentes, o papel paterno deve ser predominante, pois cabe a ele aconselhar adequadamente os filhos, resguardando-os de qualquer sofrimento ou angústia.
e) É desestruturada a família na qual há adolescente usuário de drogas.

3. Jean Bergeret, autor importante no estudo das drogadições, menciona que há uma extraordinária densidade estabelecida nas relações parentais do dependente de drogas. Chama a atenção para a incidência de episódios psiquiátricos nos pais dos drogadictos. Dentre eles identifica: 

a) estados delirantes, sintomas esquizofrênicos e distúrbios na sensopercepção.
b) apatia, transtornos bipolares e/ou de ansiedade generalizada.
c) psicopatia, condutas de instabilidade afetiva e síndrome do pânico.
d) anorexia, bulimia ou transtornos alimentares em geral.
e) estados depressivos, alcoolismos e dependência de outras drogas, superconsumo de psicotrópicos, condutas de automedicação.

4. A política de saúde da redução de danos na dependência química, que tem como objetivo minimizar as consequências adversas do consumo de drogas do ponto de vista da saúde e de seus aspectos sociais e econômicos, reconhece que as pessoas 

a) se arrependerão do uso da droga, desde que se conscientizem dos prejuízos causados para a sua família.
b) são capazes de abandonar o uso de drogas se bem instruídas de seus danos.
c) cessarão o uso da droga, desde que façam a adesão ao programa de saúde.
d) bem sensibilizadas, deixarão de usar pelo menos as drogas injetáveis.
e) continuarão utilizando substâncias psicoativas.

5. "A dependência química constitui hoje problema de saúde experienciado por um contingente significativo da população. Considerando esse contexto, os municípios precisam organizar-se para atender a pessoas acometidas por essa patologia, indo ao encontro dos pressupostos da Reforma Psiquiátrica Brasileira. Uma das drogas de ampla ingestão é o álcool. O consumo desse é um dos hábitos sociais mais antigos e difundidos entre as populações, já que está correlacionado a ritos religiosos, valores sociais e culturais, além de lhe serem conferidos efeitos como calmante, afrodisíaco, estimulante de apetite, desinibidor, entre outros. Além do mais, "a cultura pode influenciar o padrão e o contexto, assim como a quantidade do consumo de álcool e o padrão desse consumo pode, por sua vez, ser um determinante importante dos problemas com bebida". Cerca de 15% das pessoas que consomem álcool progridem para o alcoolismo. Esse é um dado realmente preocupante, já que tal patologia pode prejudicar tanto a qualidade de vida dos sujeitos alcoolistas, como do seu meio familiar e social."

De acordo com o texto, a família do alcoolista também é atingida pelos malefícios do álcool, já que é ela que convive com esse sujeito dependente. O alcoolismo interfere nos papeis dos membros do grupo familiar, fazendo que necessitem alterar sua dinâmica. A família também pode adotar regras que possam contribuir para o alcoolista continuar com o uso de bebidas, como não falar a respeito do abuso do álcool. Esse tipo de regra criada pela família pode ser considerado como uma

a) estratégia para proteger seus membros da dor emocional que experimenta e, ao mesmo tempo, para esses membros aceitarem sem resistência esse padrão familiar.
b) estratégia para manter a família em consonância com seus segredos familiares, encarando o problema como algo normal.
c) solução possível ao conflito familiar que poderia ser causado se se tocasse nesse assunto, obrigando o alcoolista a buscar ajuda.
d) negação da realidade, na qual a família exclui o membro dependente, deixando-o à margem da organização familiar.
e) aceitação da realidade familiar, na qual o problema é enfrentado por todos os membros da família, e cada um toma para si a responsabilidade pelo fato.

6. Eduardo Kalina e colaboradores afirmam, na obra Drogadição Hoje: indivíduo, família e sociedade, que, independentemente de padecer de uma psicose processual ou de um quadro de psicose tóxica, todo drogadito

a) consegue também estabelecer limites, não sendo primordial que os especialistas se ocupem integralmente desta questão, em todas as circunstâncias.
b) não está alienado e que, mesmo se não estiver desintoxicado, poder-se-á contar com uma parte sua capaz de colaborar com os profissionais em seu próprio tratamento.
c) precisa ser colocado em uma situação na qual não tenha acesso aos tóxicos que utiliza, pois acreditam que nem sempre a internação (em geral, em âmbitos institucionais a cargo de equipes especializadas) garante que se possa lhe oferecer esta possibilidade.
d) está funcionando psicoticamente e, por isso, não é consciente de suas atitudes autodestrutivas, carecendo da capacidade de agir pelo livre-arbítrio, sendo necessária sua internação para que se lhe estabeleça um limite.
e) tem direito ao seu livre-arbítrio e que a problemática dos limites precisa ser focalizada, desde que o drogadito voluntariamente decida por colaborar neste foco terapêutico.

7. Existem diferentes formas de abordagem para o tratamento da drogadição. Não há conceitos ou programas de validade universal. Quando se entende que o adito é um ser que pôs em atividade a parte psicótica da personalidade (pois não responde à prova de realidade, nem à de experiência, não tem consciência da doença ou a tem parcialmente/dissociadamente e vive de acordo com o delírio, que se converte, assim, em sua própria "ideologia de vida", tal como ocorre no psicótico em seu sentido mais clássico), a internação em uma instituição, com um programa especialmente preparado para o tratamento de aditos, é indicada, pois garante a supressão do consumo de drogas, o estabelecimento do limite e a emergência dos estados de abstinência, gerando

a) dificuldades para o tratamento global do paciente.
b) depressão endógena a ser tratada após a desinternação.
c) uma rebeldia que dificultará o tratamento psicoterápico.
d) conflitos para poder trabalhar terapeuticamente.
e) a intensificação e cronificação da sintomatologia do paciente.

8. "Entretanto, é importante observar que na comparação entre os dois levantamentos mais recentes (1997 e 2004, o atual) os resultados do uso freqüente de drogas já não são tão alentadores, pois o uso freqüente de drogas aumentou para o sexo masculino no Rio de Janeiro e em São Paulo, da mesma forma para o feminino em Belo Horizonte, Brasília, Recife e São Paulo. A definição de uso freqüente é o uso de drogas seis vezes ou mais no mês que precedeu à entrevista." GALDURÓZ, José Carlos F. V Levantamento Nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino nas 27 capitais brasileiras. São Paulo: CEBRID Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas / UNIFESP, 2004, p. 364. 

O texto acima, retirado da discussão de resultados do estudo, confirma a experiência de quem exerce atividades na área de uso e abuso de drogas. No que se refere, especificamente, ao tratamento de adolescentes que consomem drogas, a convergência dos resultados dos estudos desenvolvidos permite afirmar que

a) a psicoterapia comportamental-cognitiva tem se revelado a mais eficaz para a recuperação e abandono do consumo.
b) os projetos orientados para a redução de danos representam uma importante estratégia de prevenção primária.
c) a importância das redes de assistência integral ao dependente é consenso entre os estudiosos.
d) os adolescentes consumidores esporádicos são os que mais procuram ajuda nos serviços de prevenção secundária.
e) os adolescentes, por suas peculiaridades, fortalecem a resistência à intervenção, quando a família tem participação ativa.

9. Conforme a Portaria nº 130/2012 do Ministério da Saúde, o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras drogas (CAPS AD III) tem por objetivo

a) prestar assistência às pessoas que estejam em abstinência alcoólica, mantendo a internação por, no mínimo, 45 dias, até cessar os efeitos da ausência do álcool no organismo.
b) fornecer atenção contínua às pessoas com necessidades relacionadas ao consumo de álcool, crack e outras drogas, durante as 24 horas do dia e em todos os dias da semana, finais de semana e feriados.
c) prestar assistência de saúde aos usuários de álcool e drogas, fornecendo gratuitamente imunização contra hepatite A e C.
d) prestar assistência aos dependentes de crack, excluindo a família do cuidado, devido à gravidade do caso.
e) prestar assistência de enfermagem, priorizando a contenção de todos os pacientes por meio de restrição física.

10. Sobre a Política do Ministério da Saúde para atenção integral ao usuário de álcool e outras drogas, leia as seguintes assertivas:

I. A assistência a usuários de álcool deve ser oferecida em todos os níveis de atenção, privilegiando os cuidados em dispositivos extrahospitalares, como o Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPS ad), devendo também estar inserida na atuação do Programa de Saúde da Família, Programa de Agentes Comunitários de Saúde, Programas de Redução de Danos e da Rede Básica de Saúde.
II. Aproximadamente 40% dos pacientes tratados na rede primária bebem em um nível considerado de alto risco, pelo menos fazendo uso abusivo do álcool. Estas pessoas têm seu primeiro contato com os serviços de saúde por intermédio de clínicos gerais.
III. Os CAPS ad devem oferecer atendimento diário ofertando atendimento, exclusivamente, na modalidade intensiva (enquanto centro de referência especializado na temática) permitindo o planejamento terapêutico dentro de uma perspectiva individualizada de evolução contínua.

Quais estão INCORRETAS?

a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.


GABARITO
1. D
2. A
3. E
4. E
5. A
6. D
7. D
8. C
9. B
10. D